sexta-feira, 29 de junho de 2012

O homem da cadeira de rodas


            Sinto-me sozinho. Não. Estou sozinho. Não. Abandonado. Sim. Abandonado. E triste. Muito triste. Mas não sinta pena de mim. Saiba tão somente que estou abandonado e triste. Não, não fui abandonado. Estou abandonado. E triste. A razão? Não sei. Sim. Eu sei. Lembro-me agora. Foi ontem. Tudo aconteceu ontem. Quem eu mais amava nesta mísera vida partiu de meus braços, de meu convívio, de minha presença, deixando-me sua ausência. Sim. Sua ausência. E uma saudade. Saudade que dói. E essa dor me vem quando nosso retrato me olha com austeridade, inquirindo-me sobre aquela última noite em que estivemos juntos. Noite de amor. E de lágrimas. Choramos quando você explicou seus motivos sobre a separação. Tive de aceitá-los. Não havia outra maneira de reconsiderar. Ah, os motivos... Foram tantos que hoje não me recordo inteiramente deles. Não os conheço. Nunca desejei conhecê-los. Apenas sei que estou sozinho. E abandonado. Não, não fui abandonado. Estou abandonado. E triste. Ficarei abandonado para sempre numa cadeira de rodas. Sua ausência estará presente quando eu chorar e sentir saudade. Saudade que dói.

Sérgio Simka
(professor da FIRP)

Um comentário:

  1. Os dias se passam e a dor vira saudade, saudade da vida de antes,
    Saudade que deixará sicatrizes,
    Mas não doerá mais com o passar das horas,
    Levante da cadeira rodas e ande,
    Ande nesta brilhante memoria,
    Memória de um FANTÁSTICO pensador, imensuravel contador de histórias,
    Inebriante e incomparavel mediador da palavras,
    Ame, nao deixe de amar,
    Nao estás completamente Só, seu escultor te criou para ao teu lado estar...
    Levante, sorria e cante, cante para os males Espantar.
    Padilha, Gabriela 30/08/2012

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