domingo, 10 de junho de 2012

Grupos de escritores nas universidades


Em 2004 criei o grupo de escritores na então UniABC (Universidade do Grande ABC), em Santo André, um dos primeiros grupos de escritores ligados a uma instituição de Ensino superior no Grande ABC e São Paulo, talvez do Brasil.
A ideia de criar o grupo se deveu a uma cena inusitada: havia corrigido uma ‘redação’ de uma aluna do quinto semestre de Letras e mencionei alguns elogios no próprio texto, tipo ‘você escreve bem, parabéns!’. Devolvidas as redações, ao final da aula a aluna se aproximou, agradeceu e disse que a sua necessidade de escrever era tanta que se confundia com o ar que ela respirava.
Aí, a ficha caiu: em vez de encontrar, por acaso, escritores que estão saindo da universidade, por que não criar um grupo em que pudesse encontrá-los no início do processo e permanecessem após concluída a graduação?
Foi o que fiz. O grupo teve a função de mapear na universidade aqueles que gostavam de escrever desde poesias, crônicas, contos a textos mais objetivos. Encontrei até quem estava redigindo seus romances e também os que eram adeptos de RPG e histórias sequenciais, os HQs.
No início, nos reuníamos em sala do próprio grupo, participávamos de eventos externos, havia oficinas de literatura e projetos como o ‘escritor na universidade’, éramos coparticipantes das semanas de letras, e ultimamente o grupo ficou mais virtual do que presencial, dada a dificuldade de os integrantes (professores, funcionários, alunos e ex-alunos, pois era um grupo ‘fechado’ do ponto de vista institucional) se encontrarem.
Na época, o blogue do grupo contava com 20 mil acessos, com os textos dos integrantes do grupo e divulgação dos eventos do mundo editorial.
Chegamos a publicar dois livros com os textos dos participantes; um pela própria editora da universidade e o outro por uma editora que distribuiu a obra nacionalmente: Contos (Para Ler) na Universidade (Iglu, 2009).
Assim, partilho essa experiência com aqueles que veem a universidade não só como um lugar de produção de saber (e de sede do lucro fácil) como também um lugar em que os alunos podem efetivamente fazer a diferença.

Sérgio Simka é mestre em Língua Portuguesa, escritor, fundador e coordenador do Núcleo de Escritores da Firp (Faculdades Integradas de Ribeirão Pires).

Nota: O texto acima foi publicado na edição do dia 19 de abril de 2012, na prestigiosa seção ARTIGO (p. 2 do Caderno Opinião) do jornal Diário do Grande ABC.

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