Em 2004 criei
o grupo de escritores na então UniABC (Universidade do Grande ABC), em Santo
André, um dos primeiros grupos de escritores ligados a uma instituição de Ensino
superior no Grande ABC e São Paulo, talvez do Brasil.
A ideia de
criar o grupo se deveu a uma cena inusitada: havia corrigido uma ‘redação’ de
uma aluna do quinto semestre de Letras e mencionei alguns
elogios no próprio texto, tipo ‘você escreve bem, parabéns!’. Devolvidas as
redações, ao final da aula a aluna se aproximou, agradeceu e disse que a sua
necessidade de escrever era tanta que se confundia com o ar que ela respirava.
Aí, a ficha
caiu: em vez de encontrar, por acaso, escritores que estão saindo da
universidade, por que não criar um grupo em que pudesse encontrá-los no início
do processo e permanecessem após concluída a graduação?
Foi o que fiz.
O grupo teve a função de mapear na universidade aqueles que gostavam de
escrever desde poesias, crônicas, contos a textos mais objetivos. Encontrei até
quem estava redigindo seus romances e também os que eram adeptos de RPG e
histórias sequenciais, os HQs.
No início, nos
reuníamos em sala do próprio grupo, participávamos de eventos externos, havia
oficinas de literatura e projetos como o ‘escritor na universidade’, éramos
coparticipantes das semanas de letras, e ultimamente o grupo ficou mais virtual
do que presencial, dada a dificuldade de os integrantes (professores,
funcionários, alunos e ex-alunos, pois era um grupo ‘fechado’ do ponto de vista
institucional) se encontrarem.
Na época, o
blogue do grupo contava com 20 mil acessos, com os textos dos integrantes do
grupo e divulgação dos eventos do mundo editorial.
Chegamos a
publicar dois livros com os textos dos participantes; um pela própria editora
da universidade e o outro por uma editora que distribuiu a obra nacionalmente: Contos (Para Ler) na Universidade (Iglu,
2009).
Assim,
partilho essa experiência com aqueles que veem a universidade não só como um
lugar de produção de saber (e de sede do lucro fácil) como também um lugar em
que os alunos podem efetivamente fazer a diferença.
Sérgio Simka é mestre em Língua Portuguesa, escritor, fundador e
coordenador do Núcleo de Escritores da Firp (Faculdades Integradas de Ribeirão Pires).
Nota: O texto acima foi publicado na edição do dia 19 de
abril de 2012, na prestigiosa seção ARTIGO (p. 2 do Caderno Opinião) do jornal Diário do Grande ABC.
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