terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Literatura e gramática


Em determinados segmentos culturais, há pessoas que não aceitam ouvir falar de gramática quando se fala ao mesmo tempo de literatura. Ou seja, segundo essas pessoas, não há necessidade de o escritor conhecer o idioma para poder escrever.

Talvez essas pessoas estejam pensando em Machado de Assis. Ou em outro gênio de nossas letras. Mas os mais humildes escritores precisam conhecer a própria língua de Camões, para evitar os erros mais simples.

Apenas para ilustrar, apresentamos algumas passagens, extraídas de um livro de literatura brasileira, publicado em 2012, que contêm erros de português. O que vem a corroborar o que afirmamos, humildemente.

. “Depois de se saldarem ela perguntou…” (p. 39). E na p. 42 o mesmo erro se repete.
O verbo é “saudar”.
. “Estávamos há pelo menos dez quilômetros do sítio.” (p. 43)
Quando indicar distância, deve-se usar “a” e não “há”.
. “…uma viagem de férias durante duas semanas à Acapulco…” (p.46)
Antes de nomes de cidade, não se usa o acento indicativo da crase.
. “O breu dominava tudo, era sete e meia da noite.” (p. 55)
Erro de concordância: eram sete e meia da noite.
. “… e imaginei um capacho de boas vindas por ali.” (p. 84)
A grafia é “boas-vindas”, com o devido hífen.
. “Independente disso era inegável a genialidade de Pedro.” (p. 126). E na p. 135 o mesmo erro se repete.
“Independentemente”, advérbio, e não o adjetivo “independente”, que se deve usar sempre que a palavra puder ser substituída por “sem levar em conta, sem contar com, à parte”.
. “- Cuidado Marcos!” (p.133)
A vírgula deveria ter sido usada para separar o vocativo: “- Cuidado, Marcos!”
. “Estamos trancados aqui por que gostamos.” (p. 135)
A grafia é “porque” junto, pois indica razão, causa.
. “- Ei rapaz…” (p.137)
Faltou de novo a vírgula para separar o vocativo: “- Ei, rapaz…”.

Sérgio Simka é professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP) e na Faculdade de Mauá (FAMA).
www.sergiosimka.com

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